sábado, março 18, 2006

Avó

És uma pessoa muito especial. Toda a gente concorda. Não há ninguém que não goste de ti.
És uma força da Natureza.
E um verdadeiro anjo.
Tens um coração onde cabe o mundo inteiro.
E sempre uma palavra doce para oferecer.
O melhor sítio para estar é no teu abraço.
As tuas gargalhadas constantes contagiam a pessoa mais infeliz.
És cheia de vida.
Eras cheia de vida...


Hoje faz um ano que fiquei, para sempre, mais triste. Incompleta.
No funeral disseram-me que, dos quatro netos, era eu a mais parecida contigo. Que tinha a tua força e alegria de viver.
Senti um orgulho imenso. Não me poderiam ter feito maior elogio. Saber-me parecida com a pessoa que mais admiro no mundo.

Toda a gente tem avós. Duas por cada pessoa.
Ninguém tem uma como tu. És única.
Eu, a Mana e os dois Primos, somos uns priviligeados. E todos temos consciência disso.
A quem posso agradecer por fazeres parte da minha história?

Fui a tua casa, na qual não entrava há uns bons anos.
Não era a tua casa.
Já não tem as tuas coisas, que recordo desde que me recordo.
Já não te tem lá dentro.
Já não é a tua casa.

[A única coisa que resta da tua casa é a fabulosa vista para o rio que se tem do terraço. Hoje estava um dia chuvoso demais para fotografias. Mas ainda tenho de lá voltar, e registarei o que de teu sobra naquela casa.]

Ouvi o teu nome na missa. Mas não era o teu.
Vi a tua fotografia na campa do cemitério. Mas não era a tua.
Há um ano atrás, não foste tu que deixaste este mundo.
Não foi a ti que eu perdi.
Não a ti...
Não consigo acreditar que te perdi...